Presidenta
usa cargo para em menos de 40 dias intensificar pressão para que
presidente do banco, Luciano Coutinho, libere R$ 9 bilhões para a
arapuca
Numa
afronta ao Ministério Público, à Polícia Federal e à opinião pública,
Dilma Rousseff reuniu-se, no último dia 2 de março, no Palácio da
Alvorada, com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para pressionar o
executivo a liberar R$ 9 bilhões para a Sete Brasil, especialmente
montada para roubar a Petrobrás. Com o pretexto de intermediar a compra
de navios-sonda para a estatal, a empresa, criada em 2010, revelou-se um
obscuro emprendimento, um antro montado para sugar o dinheiro da
Petrobrás e está sob a mira da Operação Lava Jato. Coutinho, aconselhado
pelo corpo técnico da instituição, se nega a autorizar o financiamento
exigido por Dilma Rousseff.
Há
informações que teriam sido chamados também para a reunião no Alvorada o
ex-presidente do Banco do Brasil (BB) e atual presidente da Petrobrás,
Aldemir Bendine, e Alexandre Abreu, substituto de Bendine na direção do
BB. Dilma já havia pressionado, tanto o BNDES quanto o Banco do Brasil, a
liberarem recursos para a Sete Brasil. A empresa, que deveria entregar
28 sondas no valor de R$ 71 bilhões, já recebeu da Petrobrás R$ 16,2
bilhões de adiantamento e não entregou nenhuma sonda até agora. Além de
não entregar as sondas, a Sete Brasil está à deriva em processo de
quebradeira. A empresa está totalmente sem crédito na praça.
Pedro
Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobrás, e indicado por Renato
Duque, na época diretor de Serviços da estatal, para assumir a diretoria
de operações da Sete Brasil, deu detalhes do esquema de propinas na
empresa após assinar acordo de delação premiada com o Ministério Publico
Federal. Ele contou por exemplo que em outubro de 2011 participou de um
jantar em Milão (Itália) com a presença de Renato Duque, Júlio de
Camargo, executivo da Toyo Setal, e o ex-presidente da Sete Brasil, João
Carlos Medeiros Ferraz, para discutir a abertura de contas no exterior.
Segundo Barusco, no dia seguinte foram abertas as contas "Natiras" a
"Drenos" e "Firasa" no Banco Cramer. Nestas contas, segundo ele, foram
depositados R$ 21 milhões em propinas de 2011 a 2013.
No
acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal,
Barusco se comprometeu a devolver US$ 100 milhões desviados da Petrobrás
pelo esquema.
Na
reunião, Luciano Coutinho deixou claro que não são só os técnicos que
são contra o empréstimo. Ele também tem medo de assinar o contrato
defendido pela presidenta, sabendo da temeridade de tal ato. Disse a
Dilma que o BNDES precisa de mais garantias. No caso, uma carta-fiança
de ao menos US$ 1 bilhão, que reduza os riscos dos possíveis prejuízos,
caso a Sete vá à falência. "A cada reunião, Coutinho inventa um novo
obstáculo", diz um dos executivos encarregados pelo governo de resolver a
crise, segundo reportagem da revista Época. "Era melhor dizer logo que
não vai assinar, para que fôssemos em busca de um plano B. Mas, a esta
altura, talvez não seja mais possível", acrescentou o executivo. A
reunião acabou sem o resultado esperado por Dilma. Até agora, a Sete
prossegue sem os empréstimos cobrados pelo Planalto.
Garantida
exclusivamente pelos contratos com a Petrobrás, a Sete Brasil é
controlada pelo BTG Pactual, do banqueiro André Esteves. O dono do BTG
afirmou na semana passada ter certeza que o governo vai dar um jeito de
liberar os recursos para a empresa. Num recado para a presidenta,
Esteves prometeu que vai garantir de qualquer maneira os lucros dos
acionistas. "Para radicalizar, se a Sete virar pó estamos preparados
para entregar o mesmo retorno de 20%", disse o banqueiro, em
teleconferência com investidores. Comandada por Esteves, a Sete Brasil
recebeu o aporte dos fundos de pensão Petros, Previ, Funcef e Valia,
além dos bancos Santander, Bradesco, a EIG Global Energy Partners, a
Lakeshore e a Luce Venture Capital e o fundo FI-FGTS.
Nitidamente
a Sete Brasil foi montada pelo governo para facilitar o assalto aos
recursos da Petrobrás. Ela propunha a intermediar a compra dos
navios-sondas para a estatal e, para isso, firmou contratos com
estaleiros que têm como sócias as mesmas empresas do "Clube do Bilhão",
como ficou conhecido o cartel das empreiteiras investigado na Operação
Lava Jato pelo assalto aos cofres da Petrobrás. A empresa de Esteves
montou ainda várias SPEs (Sociedades de Propósito Específico) com as
empreiteiras para que elas também operassem as sondas. Uma verdadeira
mamata. Não é à toa que Luciano Coutinho e os técnicos do BNDES não
querem se comprometer em assinar os empréstimos. Mesmo pressionados por
Dilma, eles têm certeza que a nebulosa transação vai acabar em
impeachment ou em cadeia para quem assinar.
SÉRGIO CRUZ
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