PPL Sarandi

segunda-feira, 27 de março de 2017

Eleição: partidos decadentes contra partidos em ascensão

PT, PMDB, PSDB e DEM tentam estabelecer casuísmos para conter crescimento do PHS, PPL, PSOL e outros partidos, de preferência eliminá-los. Chamam isso de “reforma política”. Se houver só eles, será mais fácil roubar e amealhar propinas.

Aqui, nesta página, estão os resultados da última eleição para vereadores, ocorrida no último dia dois, para cada partido existente no país. Já publicamos, em nossa edição de 5-6 de outubro, os resultados para prefeito.
Não há, para quem assiste TV, ouve rádio ou lê esses jornais e revistas que alguns ainda chamam de “grande imprensa” (cada vez menor, por sinal), conversa mais repetida nos últimos meses que a história de que o Brasil tem partidos demais, que é preciso uma “cláusula de barreira” que elimine a maioria dos partidos que hoje existem, porque assim não é possível governar nem ter eleições “racionais”, etc., etc.
Algo estranho, esdrúxulo e excêntrico, talvez esotérico: o país sofre com uma política econômica perversa desde o governo Dilma; há 12 milhões de desempregados (provavelmente mais, pois a tendência das atuais estatísticas é mascarar parte do desemprego); as empresas nacionais estão falindo ou fechando na ordem de dezenas de milhares; o Tesouro é sangrado por juros inteiramente loucos; só os bancos e alguns outros rentistas conseguem amealhar dinheiro; a indústria está acabando; mas, dizem esses gênios, o problema do Brasil é o número de partidos.
Países menores do que o Brasil têm uma florescência partidária - a França, com 35 partidos; a Inglaterra, com 20 partidos; a Itália, com 44 partidos; a Alemanha, com 17 partidos; e estamos contando apenas os partidos nacionais – sem que ninguém tenha por lá descoberto que isso atrapalha a nação.
Nós mesmos, no Brasil, tínhamos, antes de 1964, 22 partidos legalizados - e só a ditadura é que se incomodou com isso.
O interessante é que os principais paladinos dessa campanha contra a liberdade partidária no Brasil, são o PT, o PMDB e o PSDB – com a mídia e sua banda de barulhos.
O que há de interessante é que esses partidos são aqueles que ficaram indelevelmente marcados pelo roubo do dinheiro e da propriedade pública; são aqueles que infelicitaram e infelicitam o país com sua política antinacional, antipopular, antidemocrática.
São aqueles, enfim, que estão em plena decadência, como a tabela desta página demonstra. Ao que parece, a teoria (?) é a de que se houver apenas dois ou três partidos, quatro, talvez, será mais fácil aos monopólios financeiros, sobretudo aos externos (mas também às Odebrechts da vida), subornar para impor políticas contra o país, contra o povo, e, mais ainda do que hoje, arrancar o couro dos brasileiros.
A Lava Jato é a prova do que acabamos de afirmar. A outra é o fato do sr. Renan e do PT estarem tão empenhados nessa suposta “reforma partidária”, cujo objetivo é atacar a democracia, que já está bastante prejudicada com os ataques à Constituição de 88 acontecidos após 1990. Querem que o país seja menos democrático para (e por) submetê-lo aos seus corruptos desígnios.
Agora, vejamos a tabela desta página. As eleições para vereador são o principal indicador das tendências políticas – e, inclusive, das deformações impostas ao resultado pelos casuísmos da “reforma” eleitoral empreendida pela aliança Cunha/PMDB-PT-PSDB, assim como de algumas anteriores, que agora querem piorar, com a exclusão de partidos.
A reforma de Cunha/PT diminuiu o tempo de TV dos partidos menores e estabeleceu uma série de odiosas restrições à campanha eleitoral, cujo único objetivo é beneficiar os partidos e candidatos que têm mais dinheiro. São restrições que nem a ditadura estabeleceu.
Ao examinar os dados publicados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nosso principal problema foi pensar a forma de expô-los que mais refletisse a realidade, portanto, a verdade. Listas, frequentemente, são confeccionadas para esconder a realidade (ou a verdade), ao invés de revelá-la. Ao fim e ao cabo, um dos dados acabou por se impor e determinar a ordem em que apresentamos esses resultados: o total de votos válidos.
Em quatro anos, o total de votos válidos – a soma dos votos no partido (voto na legenda) com a soma dos votos em candidatos a vereador (votos nominais) - diminuiu, ao invés de aumentar.
Resumidamente, na eleição de 2012, houve 105 milhões, 932 mil e 358 votos válidos, ou seja, eleitores que sufragaram um candidato ou um partido. Na eleição de 2016, esse número reduziu-se a 105 milhões, 914 mil e 549 votos válidos, ou seja, houve uma redução de 17 mil e 809 votos. Alguns leitores poderão pensar que foi pouca coisa – ainda que em quatro anos. Mas não é verdade, pois o eleitorado (o conjunto de pessoas aptas a votar) aumentou de 138 milhões, 544 mil e 348 eleitores (2012) para 144 milhões, 88 mil e 912 eleitores (2016). Ou seja, enquanto o número de eleitores aumentou em mais 5.544.564 (cinco milhões, 544 mil e 564 eleitores), aqueles que votaram – em um candidato ou em um partido – diminuíram em 17 mil e 809 votos.
É uma brutal diminuição. Esses brasileiros, que formaram o contingente da abstenção + voto em branco + voto nulo, ao contrário das teses (??) petistas e tucanas sobre o assunto, não foram afetados por nenhuma alergia à política.
Pelo contrário, eles estão enojados com a política dominante – não com qualquer política - e não conseguiram perceber, entre os partidos e candidatos, quem os representasse. São votos, aliás, tão válidos (mesmo a abstenção) quanto o que é chamado, oficialmente, de “voto válido”.
Mas, reparemos, mais: O partido que mais perdeu votos para vereador foi o PT, com -5,7 milhões de votos (-48%); depois, o PMDB, com -1,2 milhão (-11%). O PSDB e o DEM, supostamente vozes da oposição, no conjunto do país, estagnaram: o aumento de sua votação nacional para vereador foi ínfima: +0,09% (PSDB) e +0,68% (DEM).
Em seguida, temos um contingente de partidos que aumentaram sua votação: o PPL (+43,51%), partido que, em termos proporcionais, mais aumentou sua votação para vereador, o PSOL (+16,40%), o PHS (+35,71%), o PTN (+26,46%) e alguns outros. Existem, também, aqueles que não existiam em 2012 (REDE, PEN, PROS, SD, PMB e NOVO) e que tiveram desempenho promissor.

Nitidamente, nós estamos diante de uma tendência, aliás, duas: alguns partidos estão em decadência e outros estão em ascensão. Não estamos discutindo aqui qual é a ideologia ou a política de cada um. O importante é verificar que alguns partidos avançam na representação de determinadas faixas do eleitorado (portanto, da população) e outros recuam e caem na preferência do eleitorado.

São exatamente os partidos em decadência (PT, PMDB, PSDB, DEM, principalmente) aqueles que querem estabelecer regras para restringir o crescimento – no limite, e de preferência, eliminar – os partidos que estão em ascensão. Esse é o sentido do que essa camarilha denomina, enganosamente, “reforma partidária”.
Querem estabelecer mais casuísmos – de um tipo que nem o hediondo Armando Falcão, ministro da Justiça (?) da ditadura, ousou em sua lastimável carreira – para impedir a sua queda, contra a vontade do povo, que quer vê-los pelas costas (ou na cadeia, no caso do pessoal mais indignado). A questão é que isso não costuma – e não vai - dar certo.
Mais fácil, se persistirem nesse intento, é serem derrotados pela raiva popular – ou uma parcela crescente do eleitorado buscar uma solução para o país, e para si próprio, fora de eleições viciadas, que levariam apenas à reiteração de um statu quo que já cansou, e exacerba o povo além da sua paciência e tolerância.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

PPL expulsa deputada distrital envolvida com quadrilha

O Diretório Nacional do Partido Pátria Livre (PPL) decidiu por unanimidade (87 a 0), sem nenhuma abstenção, expulsar a deputada distrital Telma Rufino da legenda durante reunião extraordinária realizada no último domingo (30) em São Paulo. A parlamentar foi citada na Operação Trick, da Polícia Civil e do Ministério Público do DF, por envolvimento com uma quadrilha especializada em fraudes e golpes em instituições bancárias, entre elas o Banco do Brasil. A polícia avalia que o grupo, no qual Telma participa, teria dado golpes que desviaram recursos que podem chegar a 100 milhões de reais. O relatório apresentado pela Comissão de Ética do PPL ao Diretório Nacional recomendou a expulsão da deputada.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Dilma: Ou veta, ou está fora.

Se Dilma não vetar o "financiamento privado de campanha", estará se suicidando, pois os "ainda 7% de aceitação", que ela tem, vai virar pó, ela vai dar uma demonstração de falta de coragem, a coragem decantada que ainda não foi provada no governo! Ela própria já disse que é contra o financiamento privado, o povo já disse que é contra também, só os "300 picaretas" da Câmara aceitam, o que prova que são manipulados pelo capital das empresas, aceitam a corrupção que eles gostam! Ela, se não vetar, liquidará sua biografia e sairá antes do prazo de validade! Ela tem a faca e o queijo na mão, tem a oportunidade de mudar radicalmente o modelo de eleição no Brasil, torná-la decente!

Joel Miranda 

#Já ultrapassamos a fronteira entre o "Apoio Dilma" e "Saia Dilma"!

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Símbolo anti-PT: Boneco inflável do Lula em Londrina

Símbolo dos movimentos contrários ao governo federal e ao Partido dos Trabalhadores (PT), o boneco inflável com a figura do ex-presidente Lula vestido de presidiário, o popular "Pixuleco", virá a Londrina em outubro deste ano. A informação foi confirmada ao Portal Bonde pela dona da figura gigante, a hoteleira Celene Salomão de Carvalho, de 50 anos, membro do Movimento Brasil. 

Segundo ela, a agenda do boneco está repleta de compromissos Brasil afora. "Vamos levá-lo a cidades do Norte e do Nordeste na semana que vem, aproveitando o feriado de 7 de setembro. O 'Pixuleco' deverá ficar por lá por uns 20 dias, depois virá a Londrina e outras cidades do Sul. Ainda não temos uma data marcada", afirma Celene. De acordo com ela, o dia da vinda do boneco deverá ser definido nas próximas semanas, após novas tratativas com os movimentos que a convidaram a vir a Londrina. "É necessário que eles se unam para criar um protesto ou outra situação, dentro das bandeiras que defendemos, para utilizá-lo", diz. 

Ontem, quarta-feira (2), o boneco foi inflado em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, núcleo da Operação Lava Jato, que investiga esquemas de propinas e desvios na Petrobras. Nenhum incidente foi registrado. 

Celene explica que a estrutura necessária para o "Pixuleco" é sempre providenciada pelos movimentos das cidades. "Conseguimos fazê-lo na base da vaquinha, mas como eu estou com uma disponibilidade de tempo maior, represento o grupo viajando e levando o boneco. O pessoal das cidades que visito precisa pagar gasolina, hotel e alimentação para que eu me desloque. Além disso, eles também precisam conseguir os ofícios de liberação, o gerador e, se for o caso, os gradis de proteção", detalha. São necessários pelo menos seis homens para segurar o boneco de 12 metros e custo aproximado de R$ 12 mil enquanto ele é inflado. 

A hoteleira afirma que a ideia de confeccionar o boneco surgiu em Maceió (AL) com o propósito de levá-lo a todo o país. "Além de utilizá-lo para protestar, aproveitamos para colher assinaturas para o abaixo-assinado do projeto de Lei que pretende implantar 10 medidas conta a corrupção." 

Na última sexta-feira (28), o "Pixuleco" foi inflado em frente à Prefeitura de São Paulo. Durante a mobilização, uma mulher furou o boneco e foi detida por guardas municipais.

Fonte: www.bonde.com.br

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Cunha usou igreja para lavar dinheiro da Petrobrás

Aliado do PT no assalto à estatal e no ajuste fiscal quer escapar do castigo tirando onda de oposição 

É difícil encontrar quem não saiba que Cunha é um bandido. Inclusive os que o defendem não ignoraram o fato.

Ele próprio cultiva a imagem de velho chefe mafioso, que manda queimar a loja para vender proteção ao dono. O ostensivo desprezo pela verdade, a religiosidade de fachada e um chumaço de cabelo implantado, grudado à cabeça com gomalina, completam seu perfil de sumo sacerdote da crença no vale tudo para se dar bem.

O modo petista de governar, fazendo das eleições um campeonato de marketing movido a dinheiro roubado, criou o ambiente de cinismo e dissolução para que uma figura desse calibre chegasse à presidência da Câmara.

Em aliança com o PT, Cunha participou ativamente do assalto à Petrobras. E o pixuleco recebido forneceu providencial reforço ao seu poder de aliciamento.

Na denúncia apresentada contra ele ao STF, o procurador-geral da República exige, além da condenação criminal, a “restituição do produto dos crimes no valor de US$ 40 milhões” - 40 milhões de dólares! - e também uma reparação pelos danos causados correspondente ao mesmo valor.

Na presidência da Câmara, Cunha apadrinhou o ajuste fiscal, que Dilma copiou de FHC para elevar os ganhos do setor financeiro às custas do emprego, salário, indústria, comércio e serviços públicos.

Agora que a casa caiu para ambos, ele quer se safar aproveitando a impopularidade da presidente para cavar uns pontinhos no Ibope posando de oposição.

Apesar das evidências em contrário, Cunha acredita que responsabilizando Dilma por seus problemas com a Polícia e a Justiça possa granjear algum apoio para sua causa. É um jogo que diz bem do caráter de quem o pratica.

É verdade que ninguém pode ser condenado antes de apresentar a defesa. Porém é uma verdade geral que não invalida outra mais ajustada ao momento: a Presidência da Câmara não pode ser usada como escudo para embaraçar a ação da Justiça.

Portanto, a remoção de Cunha deste cargo, através de renúncia ou cassação por falta de decoro, torna-se imperiosa para que o STF cumpra o seu rito, sem percalços.

Se as cúpulas do PSDB, Dem, PMDB, PT e outros menos votados quiserem abraçar o caixão sem alça e formalizar a adesão à respeitável “bancada da rola”, tanto pior para eles. Aqui se faz, aqui se paga.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Cunha embolsou US$ 40 milhões de "pixuleco"

Até a igreja que ele frequenta foi usada para lavar a propina, segundo o procurador-geral 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou na quinta-feira (20) ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por receber US$ 40 milhões (quarenta milhões de dólares) de propina nos contratos da Petrobrás com a Samsung Heavy Industries, da Coreia, para fornecimento de navios-sondas para a estatal. Segundo o procurador, que pediu a condenação do deputado a mais de cento e oitenta e quatro anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, até uma igreja da Assembléia de Deus foi utilizada pelo deputado para lavar dinheiro desviado da Petrobrás. 

Também foram alvos de denúncia a ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), aliada de Cunha e atual prefeita de Rio Bonito (RJ), acusada de ter participado, a mando do deputado, de manobras de chantagem contra as empresas para o pagamento das propinas. 

Na denúncia contra Eduardo Cunha a PGR pede que sejam devolvidos US$ 80 milhões [R$ 284,20, ao câmbio atual] – US$ 40 milhões como restituição de valores desviados e mais US$ 40 milhões por reparação de danos. Segundo a Procuradoria, a quantia paga pela Samsung foi depositada no exterior, em contas indicadas pelo lobista Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção e preso na Operação Lava Jato. A PGR informa na denúncia que identificou 60 operações de lavagem de dinheiro, entre as quais remessas ao exterior, entrega de dinheiro vivo, simulação de contratos de consultoria, emissão de notas frias e transferências para uma igreja da Assembléia de Deus de Campinas, vinculada a Cunha, a a pretexto de doações religiosas. 

OPERADOR 

Segundo consta na denúncia da Procuradoria-Geral da República, o operador do PMDB, Fernando Soares, orientou Júlio Camargo, que prestava serviços para a empresa Toyo Setal, a efetuar dois depósitos num total de 250 mil reais para a igreja da Assembléia de Deus Madureira, de Campinas. Os dois depósitos na referida igreja foram efetivamente feitos no valor de 125 mil reais em 31 de agosto de 2012 pelas empresas Treviso e Piemonte, pertencentes a Camargo. De acordo com o procurador-geral, "é notória a vinculação de Eduardo Cunha com a igreja mencionada. O diretor da igreja perante a Receita Federal é Samuel Cássio Ferreira, irmão de Abner Ferreira, pastor da Igreja Assembléia de Deus de Madureira, no Rio de Janeiro, freqüentada por Eduardo Cunha. Foi nela, inclusive, que o deputado celebrou a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, conforme divulgado pela imprensa. 

A investigação sobre as atividades criminosas de Cunha começou a partir de depoimento, prestado em acordo de colaboração com a Justiça pelo doleiro Alberto Youssef em outubro de 2014 à Lava Jato. Segundo Youssef, o operador da Samsung Heavy Industries e de uma empresa associada, a Mitsui, Júlio Camargo, pagou propina a Cunha a partir do fechamento de contratos da empresa com a Petrobrás. Foram assinados dois contratos para fornecimentos dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000, com a anuência do então diretor da área internacional da petroleira, Nestor Cerveró. Os dois contratos custaram aos cofres da Petrobrás US$ 1,2 bilhão. 

Segundo Youssef, a propina foi paga por Camargo a Fernando Soares por meio de remessas ao exterior. De acordo com a denúncia do procurador, no período de 2006 a outubro de 2012, a contratação do navio-sonda Petrobras 10.000 gerou o pagamento de propina no valor de US$ 15 milhões. No segundo navio, o Vitória 10.000, a propina paga foi de US$ 25 milhões. Youssef contou que em determinado momento os pagamentos da Samsung a Camargo cessaram, o que impediu o operador de continuar pagando Baiano. Ele também disse que, para pressionar Camargo a retomar os pagamentos, Cunha então apresentou, por meio de outros parlamentares do PMDB, requerimentos na Câmara para pedir investigações do TCU e do Ministério de Minas e Energia sobre Camargo e a empresa Mitsui, parceria da Samsung no negócio dos navios-sondas. Os registros da Câmara indicaram que a deputada Solange Almeida de fato apresentou requerimentos no sentido de se ouvir Camargo e as empresas. O peemedebista teria dito ainda a Camargo que era preciso não só resolver o problema dele, Cunha, como também a parcela que deveria ser entregue a Baiano. 

Preso na Operação Lava Jato, Júlio Camargo também fechou um acordo de colaboração premiada com a Justiça, porém a princípio não confirmou a propina a Eduardo Cunha. A versão mudou por volta de março deste ano, quando, em novos depoimentos, Camargo confirmou a história narrada por Youssef. Um processo tramita no Paraná sobre o mesmo assunto, mas tendo por foco o ex-diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró. Ao ser ouvido pelo juiz Sergio Moro em audiência naquele processo, Camargo confirmou ter pago a propina a Cunha. 

Segundo Camargo, Cunha disse a ele durante um encontro, em 18 de setembro de 2011, acertado por Baiano no escritório da empresa Leblon Empresarial, na Av. Afrânio de Melo Franco, na Zona Sul do Rio, que "o problema que eu tenho é com o Fernando [Soares] e não com você. Acontece que Fernando não me paga porque diz que você não o paga. Como o Fernando não tem capacidade de me pagar, eu preciso que você me pague", disse Cunha. "Não é nada pessoal contra o senhor", prosseguiu. "[Mas] há um débito com o Fernando no qual eu tenho que receber US$ 5 milhões desse pacote referente às sondas". "Isso está atrapalhando porque estamos em véspera de campanha e eu tenho uma série de compromissos". Depois dessa conversa, Camargo disse que pagou os US$ 5 milhões exigidos por Cunha e voltou a pagar regularmente a propina, por meio de repasses a empresas controladas por Baiano no exterior. 

MEDO 

Essa segunda fase de repasses, segundo Camargo, está relacionada às cobranças de Eduardo Cunha. A investigação da Lava Jato demonstrou que Baiano era o controlador das contas abertas em nome das firmas offshore Three Lions Energy, mantida no banco Leu, em Genebra, da Falcon Equity, na Suíça, e da 3 Lions Heavy Industries em Hong Kong. Em suas alegações finais no processo, Camargo disse que pagou Cunha "sob ameaças". Ele disse também que não tinha revelado esses fatos antes por medo do deputado. 

O procurador denunciou ainda, no mesmo dia, o senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL), integrante da base aliada de Dilma, por envolvimento em outro esquema de propina, desta vez na BR Distribuidora. Ele é acusado de receber R$ 26 milhões de propina. Completam a lista dos denunciados pelo procurador, Pedro Paulo Leoni Ramos, notório ex-ministro do governo Collor, e mais três pessoas ligadas ao senador. 
SÉRGIO CRUZ