segunda-feira, 9 de março de 2015

Dilma sacrifica o povo em prol dos especuladores

Mantra dilmista é corte de direitos, aumento de impostos, de juros e de tarifas públicas

Disse a senhora Rousseff que "eu faço ajuste no meu governo como uma mãe, uma dona de casa faz na casa dela".

Vejamos com que casa – e com que família – a atual presidente está acostumada.

Em dois meses do novo governo Dilma, o povo foi achacado em R$ 111 bilhões – mas isso é somente à primeira vista; se incluirmos mais R$ 10 bilhões já cortados da Saúde (v. HP, 25/02/2015) teremos R$ 121 bilhões; e nem somamos outros assaltos. Mas isso já é 54% da verba não-obrigatória do governo – verba para a manutenção dos serviços públicos (custeio) ou para investimento, quer dizer, ampliação da capacidade desses serviços.

REPULSA
Resumindo uma parte, uma vez que é impossível colocar a totalidade:

- foram cortados R$ 57,5 bilhões em custeio pelo Decreto nº 8.412/2015 – este decreto é válido por quatro meses, mas todos os governistas consideram que será o regime prevalecente até o fim do ano, se depender da vontade de Dilma/Levy; implica em um corte anual de R$ 14,5 bilhões na Educação (31,1% da verba prevista na proposta de lei orçamentária anual - PLOA 2015 - enviada pelo próprio governo ao Congresso); a Saúde, além dos R$ 10 bilhões, perdeu mais 6,7% da verba estipulada na PLOA 2015; o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, isto é, o Bolsa-família, perdeu R$ 3,1 bilhões; o Ministério das Cidades, que gere o "Minha Casa Minha Vida", só com esse decreto perde R$ 7,3 bilhões, 28% do previsto na PLOA 2015, além das outras perdas. No conjunto, os R$ 57,5 bilhões de cortes são 25% - ou seja, 1/4 – da verba para manutenção dos serviços públicos.
- foram cortados R$ 18 bilhões nos direitos do trabalhador: seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte (Medidas Provisórias 664 e 665);
- foram cortados R$ 7,75 bilhões da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), ocasionando o estúpido aumento extraordinário (v. matéria na página quatro) – além do aumento anual, das bandeiras tarifárias e do escambau;
- foram aumentadas a Cide, IOF, PIS/Cofins sobre importados e IPI de cosméticos – total: R$ 20,6 bilhões;
- foi aumentada a contribuição previdenciária das empresas sobre o faturamento. Total: R$ 5,35 bilhões em 2015 e R$ 12,84 bilhões a partir de 2016;
- corte no Reintegra, programa de estímulo às exportações (Decreto 8.415/2015). Total: R$ 1,8 bilhão.

Com o país já em recessão, andando para trás devido a quatro anos de desastre econômico, Dilma e Levy estão, criminosamente, jogando-o no abismo, estrangulando-o com aumentos de juros seguidos e cortes brutais nos investimentos – o corte de R$ 30 bilhões, que foi anunciado pela imprensa, sem que houvesse desmentido, é 58% maior do que todos os investimentos liberados no Orçamento do ano passado. Ou seja, pretende-se deixar o país sem nenhum investimento público federal.

E nem falaremos na moral – em suma, na falta de caráter – que permeia o governo, da qual o assalto à Petrobrás é apenas o exemplo mais agudo. Mas, sobre isso, basta lembrar a campanha eleitoral, em que a mentira, a difamação, a total ausência de senso ético revelaram-se em sua crueza, que deixa longe os fariseus hipócritas e sepulcros caiados de outras épocas, logo assim que a eleição terminou.

Daí, o mal estar que agora se transformou em repulsa e percorre todo o país.

É cínica a afirmação de Dilma de que esse sacrifício terrível é para "dar condições de a gente retomar um novo ciclo de desenvolvimento econômico".

O que ela está fazendo é, precisamente, desviar os recursos do investimento público para os juros auferidos por alguns privilegiados, estrangeiros e, alguns, internos.

No momento em que o país mais precisa de que os juros estejam baixos e que os investimentos públicos puxem os investimentos privados, a política de Dilma e Levy é fazer o contrário.

O resultado – dos quatro anos de Dilma, e, agora, de Dilma/Levy, que é o assumimento sem mais pudores, peias ou disfarces do que já começara a ser feito antes – já está evidente. E vai aparecer ainda mais nítido nos dados sobre investimento, concentração de renda e, por consequência, crescimento, daqui para a frente.

Só em janeiro, o número de desempregados nas seis regiões metropolitanas em que é realizada a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE aumentou +22,5% em relação ao mês anterior (a "população desocupada", que era de 1.051.000 em dezembro foi para 1.288.000, ou seja, os desempregados aumentaram em +237 mil pessoas nessas seis regiões; ver matéria na página 2).

O espantoso – ou nem tanto, considerando a política de Dilma – é que trata-se da pesquisa favorita do Planalto, que obrigou o IBGE a mantê-la, apesar de estar superada, porque a nova pesquisa do Instituto, a PNAD Contínua, que é feita em todo o país, resultava em números maiores de desemprego.

Mesmo assim, não adiantou. E não resolve o problema dizer que é um resultado sazonal, como disse o ministro do Trabalho sobre o CAGED (o desemprego entre os trabalhadores com carteira assinada), pois o desemprego em janeiro foi muito maior que o habitual, mesmo em termos relativos, isto é, percentuais.

Em suma, a ideia de Dilma do que é ser mãe, pelo jeito, é deixar as pessoas sem comer. Assim, diz ela que faz um "ajuste" - meramente, arrebentando com o país para passar seus recursos à minúscula camada de bancos, multinacionais e 60 mil famílias que são parasitas dos juros, amealhando magnitudes ciclópicas de dinheiro, às custas das outras 65 milhões de famílias brasileiras, que são escalpeladas para que algumas douradas borboletas circulem acima do navio negreiro.

FEITORA
A ideia que Dilma faz do que é o povo do Brasil assemelha-se à de alguns elementos da República Velha ou, o que é a mesma coisa, à vulgaridade da UDN: uma promiscuidade de brancos pobres, índios e negros, que cheira a suor, ao invés de rescender a algum produto da Maison Dior. Pode esse povo ser capaz de alguma coisa? - não é isso o que sempre achou essa malta, para quem o que é estrangeiro sempre é melhor apenas por não ser brasileiro?

Com essa mentalidade de feitora, submissa a uma pequeníssima oligarquia rentista – é ridícula a imitação que Dilma faz dessa gente que já é uma imitação da oligarquia financeira dos EUA – dizer que faz "ajuste como uma mãe" é apenas um coquetel de cinismo com boçalidade.

Pior ainda quando diz que está dando "condições de a gente retomar um novo ciclo de desenvolvimento econômico".

Este é o quinto ano em que ela é presidente sem que o país conheça nada, exceto aberrações: a passagem de R$ 1.010.772.000.000 (um trilhão, 10 bilhões e 772 milhões de reais) em juros para os rentistas; a queda tão violenta da produção industrial que estamos agora no mesmo nível de 2007; o desemprego que agora está se tornando galopante; os salários contidos para aumentar a margem de lucro dos monopólios multinacionais.

Tudo isso em nome de um combate à inflação, de uma invenção de classe média, de uma farsa ampla, geral e irrestrita - que seria uma palhaçada, se não fossem as consequências trágicas que podem-se perceber no olhar das crianças nos bairros pobres ou nos viciados em crack e outras drogas, sem esperança e sem futuro, nas praças, nas escolas ou escondendo-se em tugúrios sinistros e infectos.

CARLOS LOPES

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