quarta-feira, 6 de maio de 2015

Governo transferiu aos bancos 10,41% do PIB em juros

Em três meses, governo transferiu aos bancos 10,41% do PIB em juros 

Como parcela do PIB a vazão de juros mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado

De janeiro a março deste ano – portanto, em três meses - foi realizada a maior derrama de juros da História do país: o governo central forçou o setor público a transferir aos bancos, fundos e outros rentistas o equivalente a 10,41% do PIB, isto é, R$ 143,85 bilhões (ou, precisamente, R$ 143.847.234.817,81).

Em termos monetários, é 2,5 vezes o que foi transferido em juros durante o mesmo período do ano passado (ou, percentualmente, +145%), e quase metade dos juros drenados durante os 12 meses de 2014 (R$ 311 bilhões).

Como parcela do PIB - como parte equivalente à riqueza nacional adicionada pelo trabalho - a vazão de juros mais que dobrou: de 4,44% do PIB (janeiro-março de 2014) para 10,41%.

Ainda existem alguns indivíduos – em geral, simplesmente bobos - que repetem o que dizem os patifes neoliberais sobre o pacote de Dilma: que o “ajuste” é para crescer, algo inédito em qualquer parte do mundo onde tal saque foi aplicado.

Esses parcos economizam mais a sua massa cinzenta do que Harpagon - o avarento de Molière - economizava dinheiro. A ponto de tornar a dita massa cinzenta uma inutilidade. Mas acabam por resvalar, inevitavelmente, para o cinismo. A essa altura, se não sabem que o “ajuste” é para rebaixar os salários reais e drenar recursos da sociedade – do Estado e do setor produtivo – para a parasitagem financeira, sobretudo externa, é porque não querem saber.

Dito de outra forma: se não sabem é porque estão se lixando para a Nação e para o povo brasileiro.

Mas a verdade é que não têm como não saber.

Tanto assim que todos eles fizeram um silêncio sepulcral diante do novo relatório de política fiscal do Banco Central, publicado na última sexta-feira, apesar de ser um documento escandaloso – exatamente porque é uma demonstração do gangsterismo rentista a que o país foi exposto por Dilma.

O silêncio (melhor seria dizer: o abafamento) dessa trupe diante da hemorragia de recursos públicos – recursos do povo – bombeados pelo governo para os rentistas é, exatamente, a sua confissão de culpa, de cumplicidade (ou mais que isso) nos crimes que estão sendo perpetrados contra o Brasil.

Uma pilhagem de R$ 143,85 bilhões – ou 10,4% do PIB! – em apenas três meses, é coisa que nem Fernando Henrique ou Collor ou Café Filho ou Campos Salles (ou qualquer outro algoz do povo brasileiro) conseguiram. É por isso que aqueles elementos, que hoje parecem repetir os portugueses do século XVIII (“mal por mal antes o Pombal”), estão somente representando uma farsa, pois é muito difícil, provavelmente impossível, encontrar um governo pior na História do Brasil que o atual. Por sinal, o marquês de Pombal, perto de Dilma, é o próprio Prometeu, logo depois de acabar com o monopólio olímpico do fogo e dá-lo aos seres humanos, diante de uma pulga de circo (nenhum xingamento na comparação; é apenas uma questão relativa às dimensões – ou seja, à estatura - de cada um).

Observemos que, com R$ 143,85 bilhões por trimestre, mantido esse ritmo, a projeção até o fim do ano seria uma despesa com juros dos governos federal, estaduais, municipais e estatais – que constituem o setor público – de R$ 575 bilhões. O que é mais que toda a receita tributária (impostos + taxas) prevista no Orçamento de 2015 (R$ 453,352 bilhões) ou 45% da previsão de receita total do Orçamento Fiscal, isto é, todas as receitas menos as da Previdência (cf. LOA 2015, art. 2º, inciso I e Anexo I.

A comparação entre o gasto do setor público com juros e a receita federal prevista no Orçamento, é possível porque 94% das transferências de juros (o correspondente a 9,78% do PIB ou R$ 135,203 bilhões) foram feitas, no primeiro trimestre, pelo governo federal.

Mas não precisamos de projeção alguma. Basta o que já aconteceu nos primeiros três meses do ano: o gasto com juros no primeiro trimestre (R$ 143,85 bilhões) foi mais que a verba para o ano todo da Saúde (R$ 121 bilhões) ou da Educação (R$ 103,36 bilhões) ou da Defesa (R$ 81,57 bilhões) ou do que os R$ 75,3 bilhões do Ministério do bolsa-família ou mais que os R$ 105,869 bilhões que são a soma dos orçamentos de investimento de todos os Ministérios para todo este ano (cf. LOA 2015, Anexo I).

Entretanto, essas comparações têm um grande problema: são feitas com a dotação orçamentária aprovada pelo Congresso, na Lei Orçamentária Anual de 2015 (LOA 2015), e não com o que o governo realmente gastou (ou irá gastar, depois de “contingenciar” - ou seja, bloquear os recursos – ferozmente).

Na verdade, se nos atermos ao primeiro trimestre, o governo liberou apenas R$ 24,859 bilhões para “ações e serviços públicos de saúde” e R$ 13,471 bilhões para “manutenção e desenvolvimento do ensino”. No mesmo período em que “liberava” R$ 143,85 bilhões em juros para bancos, fundos e demais rentistas.

O “ajuste” de Dilma consiste em fazer todo mundo pagar – ou passar fome – para que alguns poucos privilegiados tenham sua vida dourada. Algo muito semelhante, ideologicamente, àquele sistema que, antes da Revolução Francesa, fazia com que a população inteira da França sustentasse uma ínfima camada de vagabundos afetados, que se reuniam em Versalhes para o ócio e mais ócio e mais...

Toda decadência é muito parecida com outra decadência.

Resumindo: o país está paralisado (ou, pior, caindo no abismo); as falências entre as médias empresas – o principal contingente das empresas nacionais – aumentaram, no acumulado do ano, +140% em janeiro, +145,5% em fevereiro e +131,6% em março; o desemprego deu um salto e, com toda probabilidade, irá para além de 10% até o próximo mês; os salários estão em queda em todas as regiões do país.
Enquanto isso, os juros básicos – o piso dos juros - foram aumentados pela quinta vez seguida, apesar de já serem maiores do que aqueles de qualquer parte do mundo, e o BC promete continuar aumentando-os.

A indústria – o setor decisivo para o crescimento, e, portanto, para os salários, vale dizer, para a distribuição de renda – continua sendo destruída: segundo o último resultado das Contas Nacionais, do IBGE, a participação da indústria de transformação no PIB caiu para 10,9% em 2014. Somente durante o governo Dilma, essa participação caiu em 4,1 pontos percentuais.

Para que essa terra arrasada, onde, se Dilma fosse até o fim dessa loucura, 200 milhões de brasileiros sustentariam, e, mais do que hoje já fazem, enriqueceriam um punhado de parasitas – alguns que jamais nem pisaram no país?

Exatamente para isso: aumentar a pilhagem financeira, o que implica em quebrar a produção, separar os empresários nacionais das suas empresas, desempregar e arrochar quem trabalha.

Um de nossos escritores – por sinal, também um político – afirmou que “há uma miséria maior do que morrer de fome no deserto: é não ter o que comer na terra de Canaã”.

Talvez seja uma boa descrição do que a submissa Dilma pretende para o Brasil.
CARLOS LOPES

Dep. Pacheco condena “barbárie” de Beto Richa

Parlamentares paranaenses repudiaram a ação truculenta do governador Beto Richa contra os servidores públicos que protestavam pela não aprovação do projeto que altera as regras do sistema previdenciário estadual nesta quarta-feira (28). Contrários à medida, os deputados expressaram sua indignação votando contra matéria aprovada por 31 votos a 20 e usando a tribuna para denunciar a repressão que acontecia do lado de fora da Assembleia Legislativa. 

“Surreal talvez seja a palavra que mais possa se aproximar da barbárie que nós estamos vendo nesta tarde. Não tem nada de black blocs. Tem a força policial contra o povo do Paraná. Tem a força policial contra os professores, contra os trabalhadores”, afirmou o deputado Márcio Pacheco, do Partido Pátria Livre (PPL), contestando a informação do governador e do presidente da Casa de que a polícia estava contendo grupos de vândalos mascarados. 

“Os professores estão sendo agredidos e os policiais também estão sendo agredidos na sua dignidade, enquanto nós estamos aqui dentro, sendo obrigados a votar um projeto que não tem condições de ser votado. Não é legítima a votação desse projeto”. Para o parlamentar que teve carreira na polícia militar e que afirma nunca ter visto cena semelhante, os deputados que votaram a favor desse projeto podem ganhar a votação, mas “estão perdendo nesta tarde um direito que não é alienável, que é o direito de andar de cabeça erguida”

O deputado Márcio Pauliki, do PDT, usou sua declaração de voto contrário ao PL para lembrar que “há sangue na rampa da AELP. Não podemos ignorar o que está acontecendo lá fora”. “O movimento dos servidores aqui em frente à ALEP é legítimo, composto majoritariamente por profissionais da educação que, assim como eu, querem um Paraná que valorize o cidadão.”, afirmou o parlamentar. 

“O que vimos aqui hoje foram cenas de horror. O Paraná ficou manchado com o sangue dos educadores. E este projeto será sempre lembrado por ser a causa da morte do estado democrático no Paraná”, são as palavras do deputado Requião Filho (PMDB). “Por que, na hora do aperto, mexer com os mais fracos? Por que tirar dinheiro dos nossos professores e dos funcionários públicos do Paraná?”, questionou. 

O senador Roberto Requião (PMDB), também se solidarizou aos professores da rede pública. “O governo está socorrendo o orçamento em cima de um desfalque da previdência e montando uma gambiarra. Isso vai estourar lá na frente, sem sombra de dúvidas”. Requião denominou a repressão policial que deixou ao menos 200 feridos de “massacre”. “Agressão de Richa contra os professores é estúpida, violenta, cruel, imbecil, idiota e desnecessária”, disse por meio de redes sociais. 

Policiais militares que se recusaram a participar da agressão contra os professores foram presos 

Ao menos 17 policiais militares se recusaram a participar do cerco aos professores que se manifestavam em frente à Assembléia Legislativa do Paraná e, por descumprir ordens, foram presos. 

A informação foi fornecida pela própria Polícia Militar nesta quarta-feira (29). 

Um efetivo de 4 mil homens, deslocados de todo o Estado, foram colocados pelo governador Beto Richa (PSDB) para reprimir com cães, balas de borracha, bombas e cassetetes os servidores públicos que protestaram contra a aprovação do projeto que permite que a administração estadual assalte o fundo previdenciário do funcionalismo. Foram mais de 200 feridos. 

De acordo com informação de um policial que não se identificou e foi veiculada pelo Paraná Portal, outros 50 militares deverão ser exonerados por não cumprir as ordens de usar a força contra os professores.

terça-feira, 5 de maio de 2015

PR: Selvageria deixou mais de 200 feridos

Richa adere a ‘ajuste’ que Dilma quer impor ao país massacrando professores no Paraná 

Governador disse para o amigo Levy: "Só estou fazendo minha parte..."

O governador tucano do Paraná, Beto Richa, promoveu uma violenta repressão policial, na quarta-feira, para impedir que servidores públicos se aproximassem da Assembleia Legislativa (ALEP) e se manifestassem contra o projeto que desvia R$ 140 milhões, a cada mês, da previdência dos servidores estaduais para o caixa do governo. 20 mil manifestantes foram agredidos com bombas, gás de pimenta, tiros de bala de borracha, cassetetes e cães. De acordo com o Corpo de Bombeiros, houve mais de 200 feridos, alguns em estado grave. Seis pessoas foram presas.

Pit Bull da PM ataca repórter 

Segundo relatos dos manifestantes, além de atiradores de elite, a polícia usou helicópteros para jogar bombas de gás lacrimogêneo. Um cinegrafista da TV Bandeirantes foi atacado por um Pit Bull da PM. Ferido na perna, teve que passar por cirurgia. “É uma mancha deplorável na história do nosso Estado”, resumiu em nota o Sindicato da categoria.

PR: Governo atira bombas contra servidor

Professores foram agredidos na porta da Assembleia

O governador do Estado do Paraná, Beto Richa (PSDB), recorreu a uma violenta repressão policial, na quarta-feira (29), para impedir que servidores públicos se aproximassem da Assembleia Legislativa (ALEP) e se manifestassem contra o projeto (PL 252/2015) que desvia R$ 140 milhões, a cada mês, da previdência dos servidores estaduais para o caixa do governo.

Desde o início da manhã, professores realizavam manifestação em frente à Assembleia, buscando acompanhar a votação, que ocorria à portas fechadas.

Durante a tarde, já cercado por PMs, o Centro Cívico (região onde se localiza a Assembleia) foi transformado em praça de guerra quando mais de 20 mil manifestantes - entre professores da educação básica, universidades estaduais, agentes penitenciários, estudantes e servidores da saúde e judiciário - foram agredidos com bombas, gás de pimenta, tiros de bala de borracha, cassetetes e cães. De acordo com o Corpo de Bombeiros, houve mais de 200 feridos, alguns em estado grave. Seis pessoas foram presas. Muitos tentaram se refugiar no prédio da Prefeitura de Curitiba, localizado a alguns metros da Assembleia Legislativa.

Já no domingo, a Assembleia fora cercada por PMs a pedido do presidente da ALEP, Ademar Traiano, do mesmo partido que o governador, que se baseou numa ordem judicial para encaminhar a votação sem a presença de manifestantes. Segundo a versão do governador à imprensa, os manifestantes é que teriam agredido os policiais (“Na medida em que os manifestantes avançam nos policiais, eles têm que reagir”) e ainda atribuiu o acontecido a alguns mascarados “black blocs”.

Tanto isso é mentira que houve 17 policiais que se recusaram a participar do massacre – e foram perseguidos, presos por não aceitarem massacrar o povo.

Não eram os professores que portavam máscaras e armas – nem tinham eles condição de agredir a tropa que cercava a Assembleia.

“Eles abusaram das bombas. Tentamos resistir o máximo possível, mas fomos forçados a recuar. Muitos tiveram que entrar na Prefeitura de Curitiba, que virou um verdadeiro hospital improvisado. Havia também grupos de atiradores de elite em cima dos prédios”, relatou o professor Denny William da Silva, diretor do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). Segundo relatos dos manifestantes, além da utilização de atiradores de elite, a polícia usou helicópteros para jogar bombas de gás lacrimogêneo nos professores. Um cinegrafista da TV Bandeirantes foi atacado por um pitbull da PM. Ferido na perna, teve que passar por cirurgia.

“Neste dia, que entrará para a história como uma data a se lamentar, o governo do Paraná ultrapassou todos os limites. Da civilidade, da moralidade, da humanidade. O execrável exemplo de abuso de autoridade - protagonizado pelo governador Beto Richa e pelo secretário de Segurança Pública Fernando Francischini – é uma mancha deplorável na história do nosso Estado”, disse o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Paraná (APP-Sindicato), através de nota.

Em greve pela segunda vez no ano, os professores paranaenses protestavam contra uma nova proposta de modificação da previdência, na qual o governo retira do fundo previdenciário R$ 140 milhões por mês. O projeto faz parte do “pacotaço” de ajuste fiscal que o governo tentou implementar no início do ano - como sempre, sob o nome de “ajuste”, está o mais desajustado ataque aos direitos da população, o assalto à Previdência, o arrocho aos salários, o corte dos investimentos públicos. Nada diferente do que vem sendo aplicado, no país inteiro, pelo governo Dilma/Levy.

Para Richa, o governo paranaense vem cumprindo a sua parte na política do facão. Como ele mesmo disse: “... a crise financeira nacional afeta a todos. O Paraná não é uma ilha dentro deste cenário, mas conseguimos avançar com um conjunto de medidas de ajuste fiscal, recompondo algumas alíquotas de impostos, e basicamente reduzindo gastos e despesas”, afirmou.

Na verdade, a receita corrente líquida do Estado aumentou 66,15% durante o primeiro mandato de Richa, passando de R$ 16,96 bilhões em 2010 para R$ 28,18 bilhões em 2014. A crise que existe no Paraná é o próprio governador Richa – e seus correspondentes federais.

Para saquear a ParanáPrevidência, o projeto do governo transfere 33 mil servidores estaduais aposentados para um fundo previdenciário próprio, deixando de receber diretamente do caixa do estado. Em síntese, o projeto, ao transferir dinheiro da Previdência para o caixa do governo, diminui o fundo daqueles servidores que ainda não se aposentaram. O governo afirma que só reporá o que tirar do fundo a partir de 2021, com 1 bilhão por ano tirado dos royalties da usina de Itaipu.

Ignorando os apelos, gritos, palavras de ordem e até mesmo as bombas que ecoavam do lado de fora, o texto foi aprovado em segundo turno na Assembleia Legislativa, com a mesma votação do primeiro turno - 31 votos a 20. O projeto segue para sanção do governador Beto Richa.

“E assim, neste dia, apesar da resistência pacífica e heroica dos (as) servidores (as) estaduais, a tramitação do projeto do governo continuou. Ao custo de sangue e lágrimas de centenas de trabalhadores (as). E isto, sim, é de lamentar e repudiar. Além de não podermos entrar e nos manifestar na Casa do Povo, fomos expulsos violentamente das ruas. É um desrespeito ao Estado Democrático de Direito. É o retorno de uma ditadura insana, na qual a vaidade e o projeto personalista do senhor governador se sobrepõe ao de milhares de trabalhadores e trabalhadoras”, afirma o APP-Sindicato, em nota de repúdio divulgada na noite desta quarta-feira. Os docentes ressaltam, no entanto, que a repressão não vai ser o suficiente para calar e desmobilizar os servidores. Eles permanecerão em greve e acampados na praça principal da cidade.
PRISCILA CASSALE